
Eu pensei em acordar e não ter problemas. Acordar e tentar ser feliz, e dar as costas a tudo que me faz mal, e tentar (realmente tentar) ser diferente. Eu sonhei em aceitar o meu corpo e não ouvir meus próprios julgamentos, quanto mais o julgamento dos outros. Eu quis ser melhor. Eu estou sempre querendo ser mais.
Nunca nada é o suficiente. E é assim que eu sei que vou morrer disso. Porque nenhuma meta final nunca vai ser boa o suficiente. Eu vou chegar na minha meta e ainda sim achar alguma razão para odiar qualquer coisa disponível a ser odiada. Isso nunca acaba. Nunca acabou antes, e minha memória não vai além do dia em que eu decidi me odiar.
Você sabe o que é uma vida inteira de memórias onde em nenhuma delas você se sentiu plenamente feliz? Relaxada consigo mesma? Onde, em nenhuma delas repito, você esteve completamente plena de sua própria existência, satisfeita com o seu corpo, aceitando o que você nasceu tendo.
Achei um dos meus primeiros blogs quando eu comecei a escrever sobre a minha anorexia. Nele, eu relato ao alto dos meus 14 anos problemas que são exatamente iguais os que eu tenho agora. Nada muda. Eu continuo nesse espiral louco de auto-destruição e auto-sabotagem. E nunca, nunca mesmo, consigo evoluir.
Aos 14 anos eu já pesava 67 kgs e tinha 1,63 m. E apesar de 67 kgs não serem obesidade, nunca de perto foram o que eu gostaria em uma meta final. Eu falhei até nisso. Nunca passei dos 67 kgs. Algo sempre me fez engordar antes, seja uma compulsão, um medicamento, uma auto-sabotagem.
Isso vai mudar a partir de hoje.