setembro 16, 2020

Correndo Contra o Tempo

Correndo Contra o Tempo

Eu pensei em acordar e não ter problemas. Acordar e tentar ser feliz, e dar as costas a tudo que me faz mal, e tentar (realmente tentar) ser diferente. Eu sonhei em aceitar o meu corpo e não ouvir meus próprios julgamentos, quanto mais o julgamento dos outros. Eu quis ser melhor. Eu estou sempre querendo ser mais

Nunca nada é o suficiente. E é assim que eu sei que vou morrer disso. Porque nenhuma meta final nunca vai ser boa o suficiente. Eu vou chegar na minha meta e ainda sim achar alguma razão para odiar qualquer coisa disponível a ser odiada. Isso nunca acaba. Nunca acabou antes, e minha memória não vai além do dia em que eu decidi me odiar. 

Você sabe o que é uma vida inteira de memórias onde em nenhuma delas você se sentiu plenamente feliz? Relaxada consigo mesma? Onde, em nenhuma delas repito, você esteve completamente plena de sua própria existência, satisfeita com o seu corpo, aceitando o que você nasceu tendo.

Achei um dos meus primeiros blogs quando eu comecei a escrever sobre a minha anorexia. Nele, eu relato ao alto dos meus 14 anos problemas que são exatamente iguais os que eu tenho agora. Nada muda. Eu continuo nesse espiral louco de auto-destruição e auto-sabotagem. E nunca, nunca mesmo, consigo evoluir. 

Aos 14 anos eu já pesava 67 kgs e tinha 1,63 m. E apesar de 67 kgs não serem obesidade, nunca de perto foram o que eu gostaria em uma meta final. Eu falhei até nisso. Nunca passei dos 67 kgs. Algo sempre me fez engordar antes, seja uma compulsão, um medicamento, uma auto-sabotagem. 

Isso vai mudar a partir de hoje.

setembro 10, 2020

Sobre Auto-Mutilação

Ontem eu me cortei mais uma vez. 

Já fazia tempo desde que eu não fazia isso. Na realidade, a última vez foram apenas alguns arranhões feitos às pressas com alicate. Agora eu determinadamente desfiz um barbeador, tomei a lâmina e me cortei. E é estranho como na realidade não dói. Eu me senti aérea na hora, como se nada fizesse muito sentido, nem o que eu estava fazendo. Não considero que me cortei feio. Nem mesmo necessita de pontos ou algo do tipo. E confesso que ontem até nisso eu pensava, em como eu não conseguia nem ao menos me mutilar direito. Ir mais fundo, estragar mais ainda o meu corpo. 

Porque eu já estrago ele. Essa bulimia ainda vai me render algum dente perdido ou sei lá, uma cárie na menor das hipóteses. Nem vontade de escovar os dentes eu tenho mais, na verdade. Eu só sinto que quero me destruir. Porque é isso que eu mereço, me destruir de forma que não seja consertável. Que meus cacos sejam só isso, cacos. Porque eu não consigo conquistar nada. Nem um emprego decente, nem ter energia para encarar o dia. Tudo dói. Tudo cansa tão rápido que as vezes me sinto uma idosa. Agora mesmo, acabei de acordar mas já quero voltar a dormir, porque a existência é uma prisão que me machuca. 

A existência é uma prisão que faz eu me matar aos poucos.
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